segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Para dias cinzentos como hoje


"Tudo o que tenho para te dizer já foi dito. Porque as palavras não se separam dos corpos, porque apenas o tempo se move. Tudo o que tenho para te dizer é que ainda me faz ter-te. Exijo a dança imóvel das coisas, e depois o toque, e depois o arrepio. O idioma da carne é o poema. Tudo o que tenho para te dizer não consigo dizer. Que me arrancas aos órgãos, que me colhes de apogeu; que me dói seres-me mero fragmento e sentido inteiro. Que não há papel onde te caibas em letras. Tudo o que tenho para te dizer não se diz."

António de Deus-Rosto

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